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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

NA ESTRADA...

Hoje é aniversário de São Paulo!!! E estamos aquí trazendo as amostras de argila do barreiro Pataxó para análises físico-químicas. Na vinda, no dia 22 de janeiro de 2011, passamos no Ponto de Cultura da Associação do Culto Afro Itabunense para participarmos da cerimônia religiosa de “Águas de Oxalá”. Sim, acrescentamos mais seiscentos quilômetros ao nosso percurso indo em direção contrária, mas acreditamos que valeu a pena e que ainda valeria mesmo que tivéssemos que acrescentar mais seiscentos, pois foi uma experiência sem igual. Eu nunca tinha participado de uma cerimônia do Candomblé antes de conhecer o Ilè Asé Oya Funké, mas tenho certeza de que trata-se de um dos terreiros mais lindos em sua manifestação sacro-religiosa. Impossível não se impressionar com a harmonia reinante no ambiente, o olhar profundo e cordial de cada um dos participantes, os aromas que chegam com a brisa, os sabores de suas comidas deliciosas e com a perfeição encantadora de cada pequeno detalhe dos ornamentos dos Orixás. Aprendí pela vida que a sinceridade é traduzida em atos e o terreiro de Mãe Vanda é um bom exemplo disso. Mais uma vez optamos por vivenciar a experiência sublime de reverenciar ao Orixá dos Orixás - Oxalá em suas duas manifestações ( Oxaguiã – Oxalá jovem e Oxalufã – Oxalá velhinho), ao invés de ficarmos preocupados com fotos. As fotos feitas pelo Ponto de Cultura podem ser visualizadas aquí  
Com as bênçãos dos três pilares religiosos da cultura do nosso país damos prosseguimento ao nosso trabalho a partir de amanhã. Axé !!!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AWÊ PATAXÓ PARA ÃGOHÓ.

Hoje, na Reserva Pataxó da Jaqueira, aconteceu um autêntico Awê Pataxó, uma importante cerimônia religiosa comemorativa do projeto CERÂMICA – A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS. Ritual de proteção, abertura de caminhos e força para conquistar grandes objetivos, o Awê pode invocar vários elementos da natureza, o de hoje foi especialmente voltado para a lua, que em Patxohã é chamada de ÃGOHÓ. Este tipo de Awê nunca tinha sido aberto para não-índios, e nos sentimos muito honrados por participar de uma cerimônia tão linda, numa comunhão tão estreita junto à natureza. As crianças estiveram presentes todo o tempo, dando um toque todo especial à uma atmosfera já mágica, onde até o vento fez curva diante de olhares extasiados por tanta beleza. Agradecemos imensamente a todas essas pessoas que abraçaram o projeto acreditando em seus objetivos e se envolvendo de corpo e alma numa missão de afirmação de identidade e valorização cultural de um povo tão diverso, o povo brasileiro. Agradecemos também a presença dos amigos que partilharam de tão importante momento para nós. Foi muito lindo ver todo mundo de cara pintada, iluminadas apenas pela chama da fogueira. Por tratar-se de um ritual religioso de grande importância para o povo desta tribo que, numa demonstração de carinho nos convidou, decidimos vivenciar a experiência, sem dispersar a atenção tirando fotos. Guardaremos com carinho todos os momentos vividos no Awê.
 AWÊRI !!! OBRIGADO !!!






quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Expedição ao barreiro da Reserva Pataxó da Jaqueira.

Hoje fomos à Reserva Pataxó da Jaqueira para cumprir a primeira fase do projeto CERÂMICA – A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS, que consiste num estudo da composição da argila. Saímos numa pequena comissão (as crianças, como sempre, presentes e atuantes), para uma caminhada até o barreiro existente na reserva a fim de coletar amostras para análise. A interação entre o Raku pra Lua e o Ponto de Cultura Pataxó anda dando bons frutos: Kamaywrá Pataxó acompanhou a expedição fazendo a parte áudio-visual do trajeto e da coleta registrando os momentos do quotidiano de sua tribo. No caminho, encontramos uma quantidade enorme de uma frutinha originária da Mata Atlântica, chamada pelos indígenas por Guaú. Ganhei uma frutinha da Dhahara Pataxó, Nawy Pataxó e Mykai Pataxó e experimentei mais este sabor da terra. Oyti Pataxó, artista escultor da tribo, também nos acompanhou manejando a enxada com destreza e cavando nos lugares certos para a coleta da argila pura. Uma das três líderes da Reserva Pataxó da Jaqueira, Nayara Pataxó, também acompanhou a expedição, aproveitando a ocasião para coletar material para a execução da pintura corporal dos índios.
Amanhã tem AWÊ PATAXÓ !!!


Saindo na caminhada para a barreira Pataxó.

As crianças na frente... de tão empolgadas com a novidade.

Catando frutinhas.

Muita frutinha...
Até ganhei uma !!!

Além de linda, saborosa.

Ãgohó Pataxó e sua filhinha, Werymãhi Pataxó.

Mulheres e crianças esperaram descansando na sombra.

Harmonia completa com a natureza.

Diversidade de cores encontradas no barreiro.

Liderança indígena, Nayara Pataxó,  acompanhando a expedição.

Recolhendo as amostras.

Nayara Pataxó pegando argila para a pintura corporal da tribo.

Mulheres e crianças aguardando na sombra.

Samêhi Pataxó... não me pergunte como ela subiu aí...

Mykai Pataxó e Nawy Pataxó.

Kamaywrá Pataxó fazendo a parte áudio visual.

Descendo o barreiro e retornando para a aldeia.


As crianças sempre na frente...

Retorno no final da tarde para a Reserva Pataxó da Jaqueira.



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

AFINAL, O QUE É O RAKU ?

Raku é uma técnica cerâmica originária do Japão, onde surgiu no século XVI, desenvolvida por TANAKA CHOJIRO. Inicialmente criada para a cerimônia do chá, esta técnica chegou ao ocidente em 1920, trazida pelo ceramista Bernard Leach e a partir desse momento assumiu novas características estéticas originárias de cada intervenção artística.
Fazer Raku é uma experiência que envolve os quatro elementos: terra, ar, fogo e água - todos contribuindo diretamente para o resultado final. Não é possível fazer duas peças iguais de Raku, ante a diversidade em que esses elementos se manifestam a cada momento. O resultado obtido cria efeito de magia pois não existem certezas quanto a isso, apenas uma infinita gama de possibilidades a acontecerem.
Raku é uma técnica que necessita de dois processos de queima para ser realizada. A primeira queima é para dar firmeza à argila moldada e a segunda, após ser aplicado o esmalte, serve para realizar a técnica do RAKU. As peças vão ao forno numa temperatura entre 800 e 1000 graus, sendo retiradas para, ainda incandescentes, serem colocadas numa atmosfera redutora (serragem) sendo, em seguida, resfriadas em água em temperatura ambiente. As partes da peça onde não foram aplicadas esmalte ficam totalmente pretas, criando contrastes e craquelados. Todo esse processo confere características únicas a cada peça de RAKU, resultado das condições provenientes de cada fator envolvido e de cada momento específico.
A seguir, algumas peças do RAKU PRA LUA: 







terça-feira, 18 de janeiro de 2011

CERÂMICA - A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS: INÍCIO

Apesar de sua natureza extrativista, a cerâmica Pataxó adquire caráter sustentável quando serve de meio para a afirmação da identidade cultural de um povo que tanto tem sofrido influência em sua cultura. O projeto CERÂMICA - A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS apresenta-se como uma oportunidade de interação estética entre a arte contemporânea e as origens da cerâmica de etnia indígena. A tradição ceramista existia muito antes da influência dos europeus e dos africanos chegarem ao Brasil e promover a valorização cultural de uma prática quase esquecida provoca uma retomada de um legado que pertence a toda a humanidade.
Hoje aconteceu a primeira reunião do projeto CERÂMICA - A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS com as lideranças indígenas da Reserva Pataxó da Jaqueira. Na ocasião, foram apresentadas algumas peças da cerâmica RAKU PRA LUA, além de explanação sobre o escopo do projeto. O cronograma de trabalho estabelecido foi o seguinte: reunião administrativa para cadastramento dos interessados e coleta de amostras da argila Pataxó para análise posterior - quinta-feira, dia 20/01, às 15:00; Awê Pataxó para cerimônia de abertura das atividades do projeto – sexta-feira, dia 21/01, às 17:00; início das aulas – 31/01/2011. A partir da coleta, a argila existente na Reserva Pataxó da Jaqueira será analisada e classificada por laboratório competente, a fim de verificar a sua composição físico-química além de analisar sua adequação ao uso para cerâmica. O projeto se desenvolverá nos meses de fevereiro, março e abril de 2011. As crianças, embora não participantes desta etapa do projeto, participaram da reunião com interesse e entusiasmo, gerando a sementinha do desejo de ampliar a ação para que o projeto também as envolva de alguma forma ; )

Explanação sobre o escopo do projeto.

Interações estéticas.

Diversas gerações em busca de um futuro sustentável.

Lideranças reunidas para ouvir o escopo do projeto.

Contato Pataxó com a cerâmica Raku pra Lua.

Participação interessada das crianças.

Peças da Coleção Raku pra Lua 2011.

Identidades culturais diferentes que compartilham o mesmo ideal de beleza e sustentabilidade.

Jandaia Pataxó.

Utilização da argila pelos Pataxó: kijemes e pintura corporal.




segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CERÂMICA - A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS

O projeto CERÂMICA - A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS foi concebido com o intuito de estabelecer um processo de criação associado à troca de experiências e linguagens estéticas entre os índios Pataxó e o artista Paulo Souza. Por tratar-se de uma cultura oral, a origem da modelagem e da queima da cerâmica Pataxó na região da Costa do Descobrimento, na Bahia, está quase extinta. Este trabalho propõe-se a fazer uma pesquisa sobre as origens da cerâmica Pataxó buscando tanto informações junto aos anciãos da tribo quanto o desenvolvimento de um processo criativo com os jovens e adultos da comunidade indígena na Reserva Pataxó da Jaqueira. Uma inovação a partir da mistura da cultura ancestral com a influência artística contemporânea é o objetivo maior pretendido neste projeto. A troca de experiências possibilitará o surgimento de novas formas de trabalho com a argila de modo a possibilitar o surgimento de um artesanato alternativo, além da afirmação da identidade cultural Pataxó.
Serão beneficiados, inicialmente, 20 aprendizes multiplicadores de diversas faixas etárias, sendo que estes se comprometerão a repassar o conhecimento adquirido através dessa experiência para outros jovens da comunidade Pataxó, de forma a propagar a técnica e promover uma valorização cultural mais consciente e sustentável.
Os produtos resultantes dos processos envolvidos neste projeto -  CERÂMICA - A ARTE EM QUATRO ELEMENTOS -  serão apresentados à comunidade e ao publico numa exposição a ser realizada no final de abril, no Centro de Cultura de Porto Seguro.

domingo, 16 de janeiro de 2011

VERONIKA LIND (25.03.1934 – 16.01.2007)

Hoje faz 3 anos que uma importante colaboradora para a implantação da Reserva da Jaqueira deixou este plano material e partiu para outros horizontes astrais. A missionária católica alemã Veronika Lind viveu parte de sua vida em prol de comunidades indígenas no Brasil, uma delas, a Reserva Pataxó da Jaqueira, em Coroa Vermelha, na Costa do Descobrimento. Ao documentar o seu desejo de ser sepultada neste lugar na ocasião de sua morte, a missionária obteve a aprovação imediata dos membros da comunidade indígena Pataxó, que assim fizeram quando o fatídico dia chegou.
Todos os anos, a comunidade indígena da Reserva Pataxó da Jaqueira convida um padre para celebrar uma missa católica em memória da missionária, resultando numa manifestação genuína do sincretismo religioso brasileiro. Pessoas de credos variados se reúnem para orar em homenagem a Veronika Lind. Mesmo tendo partido, sua memória ainda se faz presente numa união ecumênica isenta de preconceitos e diferenças, como bem observou o padre Manoel, no sermão da missa deste ano.


Missa ecumênica em memória a Veronika Lind.


sábado, 15 de janeiro de 2011

RESERVA PATAXÓ DA JAQUEIRA

Localizada em Coroa Vermelha, na Costa do Descobrimento, existe uma área de 827 hectares de Mata Atlântica que foi reconhecida em 1º de agosto de 1998 como Reserva Indígena  Pataxó da Jaqueira. Idealizada por  Nitxnawã,  uma das três líderes da reserva indígena, e apoiada por suas duas irmãs,  Naiara e Jandaia, essa érea transformou-se  num lugar onde membros da comunidade Pataxó convivem em harmonia direta com a natureza, cultivando os hábitos e costumes de sua etnia Pataxó. O lugar serve ainda de ponto de atividades de etnoturismo, educação ambiental  e cultural das tradições Pataxó. O desenvolvimento sustentável de sua comunidade é o foco principal da existência da reserva, seguido do reflorestamento e proteção ambiental da Mata Atlântica, valorização cultural e ensino da língua nativa, o patxohã.
 TAPUTÁ TOMETÔ – Sejam bem vindos !!!

Entrada da Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira


Cyratã Pataxó

 Akayeratã Pataxó. O futuro está aquí.

Dhahara Pataxó. Ela cuida de um filhote de passarinho encontrado na floresta.

O macaco chega curioso com o passarinho.

O macaco Chico aprontando das suas.

Suyndara Pataxó.

Jandaya Pataxó

Jandaya Pataxó: liderança indígena atuante na defesa de sua cultura.